Argentina argentina030712
Apesar da retórica inflamada, a Espanha continua importando biodiesel fabricado na Argentina. Apenas no mês de maio os embarques de biodiesel partindo do país vizinho com destino a seu desafeto europeu ultrapassaram o equivalente a 48 mil toneladas. A informação é resultado de um levantamento feito pela consultoria IES por encomenda iECO – suplemento especializado em economia do diário portenho Clarín.

Em 16 de abril passado a presidente Cristina Kirchner anunciou a expropriação da petroleira YPF que pertencia ao grupo espanhol Repsol, dando início a uma crise diplomática entre os dois países. O governo de Madri imediatamente anunciou que retaliaria comercialmente e escolheu o biodiesel como primeiro alvo.

A opção parecia óbvia. Entre 2008 até o ano passado, as exportações de biodiesel da Argentina para a Espanha saltaram de praticamente zero para pouco menos de 720 mil toneladas ao ano o que representa aproximadamente 45% do mercado espanhol desse biocombustível. Incapaz de competir com o produto mais barato vindo de fora, há meses os produtores locais vinham pedindo que o governo do país ibérico restringisse as importações. A situação abriu a possibilidade de resolver os dois problemas de uma só vez.

Preocupação
As ameaças tem causado preocupação entre os fabricantes. A indústria de biodiesel argentina depende basicamente das exportações para manter seu nível de atividade que, no ano passado, foi de 1,7 milhão de toneladas produzidas com quase US$ 2 bilhões de faturamento. O país vem se preparando para contestar as medidas da Espanha na Organização Mundial do Comércio (OMC). A maior preocupação é que outros países europeus sigam pelo mesmo caminho.

Para blindar a indústria, o governo do país está acelerando o passo de seu programa doméstico de biodiesel e já fala em aumentar a mistura obrigatória dos atuais 7% para 10% em alguns mercados. Contudo, o presidente da Câmara Argentina dos Biocombustíveis (Carbio), Fernando Peláez, diz que há rumores de que alguns setores do governo vêm resistindo ao aumento da mistura.

Com a economia em desaquecimento, e a inflação em alta, já há quem coloque em dúvida a viabilidade da indústria argentina no longo prazo. O próprio Peláez não parece muito confiante. “O próximo ano não será fácil”, disse à reportagem do Clarín.

Teoria e prática
Por enquanto, a disposição dos espanhóis parece não ter ido muito além dos discursos ásperos. A Espanha continua sendo o maior comprador do biodiesel argentino e, de janeiro até maio, foi responsável por 57% das exportações que, no período, haviam rendido US$ 750 milhões. “Apesar de tudo o que foi dito, a Espanha não deixará de comprar. Seja por sua qualidade ou preço competitivo, o biodiesel argentino não tem substitutos no mundo”, disse o economista-chefe do IES, Alejandro Ovando, à reportagem do Clarín.

Triangulação
Ainda assim, os dados apontam uma queda brusca nas vendas diretas para a Espanha a partir do mês de maio (de cerca de 45% sobre o mesmo mês em 2011). Segundo Ovando, a Espanha estaria triangulando suas compras através do outros países europeus e aponta que houve um crescimento repentino nas vendas para os países baixos e Bélgica – de 128% e 119% respectivamente.

Ele também ressalta que as vendas de óleo para a Espanha também tiveram um incremento notável em apenas um mês, subindo de 275 mil toneladas em abril para 428 mil toneladas em maio.

BiodieselBR com informações do jornal Clarín

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